Cerca de 20% da população está neste estágio. Especialista explica como saber se você já chegou a esse patamar e como começar a se cuidar.
Os riscos inerentes à obesidade, todo mundo já conhece. Hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares, colesterol alto e dificuldades respiratórias são alguns dos males associados a um índice alto de gordura corporal. No entanto, muita gente subestima os perigos trazidos até mesmo pela obesidade leve, que podem se agravar caso associados a predisposições genéticas.

Atualmente, o método mais difundido para diagnóstico da obesidade é o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), considerado simples e eficiente, além de não ter nenhum custo. Especialistas consideram cinco faixas de classificação com base nessa metodologia: abaixo do normal, normal, sobrepeso, obesidade grau 1 (leve), obesidade grau 2 (moderada) e obesidade grau 3 (mórbida ou grave).

“Quanto maior o grau de obesidade, maior o risco das doenças associadas, que são as comorbidades, como pressão alta, diabetes e gordura no fígado”, explica o gastroenterologista focado em tratamentos endoscópicos para obesidade Joffre Rezende Neto. “Na maioria das pessoas, essas condições vão aparecer a partir da obesidade grau 2. Entretanto, há pessoas que já têm predisposição por outra causa de ter alguma doença. Se tem um fator genético para ter diabetes, o fato de estar um pouco acima do peso pode fazer a doença se manifestar”, complementa.
Mesmo com 20% dos brasileiros nesse patamar de obesidade, conforme levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgado em março deste ano, grande parte da população continua a desconsiderar os riscos provocados pela obesidade leve.

“A maioria das pessoas que hoje que estão com o IMC pouco maior que 30, ou mesmo das pessoas que estão com peso normal, mas tem alto porcentual de gordura, ainda não vêem a obesidade como doença. Acham que é simplesmente um problema estético. Tentam emagrecer, mas não se dão conta de que precisam de um tratamento”, destaca Joffre.

O especialista afirma que para casos de sobrepeso e obesidade leve, o primeiro recomendado é a mudança no estilo de vida. “Os primeiros passos são praticar atividade física, reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, frituras e doces, aumentar a quantidade de vegetais na dieta e, a partir daí, com a mudança gradual, o paciente começa a controlar as quantidades também”, diz Joffre.

No entanto, quando o paciente não consegue êxito, o próximo passo são as medicações. Se mesmo com os cuidados gradativos não forem alcançados os resultados desejados, passam a ser indicados os tratamentos endoscópicos, como o balão intragástrico, o balão deglutível e a gastroplastia endoscópica.

“Os tratamentos endoscópicos tem uma grande eficiência para quem está neste estágio e hoje existe uma grande evolução nas opções, como balão deglutível, que tem o tamanho de uma cápsula e, somente após engolido com auxílio do especialista, é inflado”, diz.

O médico ressalta que mesmo quando há uso de medicamentos ou de tratamentos endoscópicos, os cuidados rotineiros continuam sendo fundamentais. “As medidas comportamentais são obrigatórias ao tratamento da obesidade, mas, em alguns casos, são insuficientes. Em qualquer tratamento precisa haver prática de atividade física, controle alimentar e avaliação por uma nutricionista”, conclui Joffre.
Como saber se você está com sobrepeso

Para se chegar ao IMC, basta dividir o peso de uma pessoa em quilos por sua altura ao quadrado. Por exemplo, para o caso de uma pessoa de 1,75 m e 95 kg, multiplica-se 1,75 por 1,75, chegando-se a 3,06. Em seguida, o peso é dividido pelo número obtido: neste exemplo, 95/3,06. Assim, o IMC é o resultado da conta feita: 31. No caso em questão, a pessoa estaria enquadrada no índice de obesidade grau 1, que vai de 30 a 34,9.